15 de abr. de 2011

Corre, corre...


Ela sentiu o arder em seu rosto
Eram lágrimas que descia sem parar
A dor era forte
A cura improvável.
Ela já estava marcada por um mar de derrotas
Viveu sempre na amargura
A luta do dia dia a contemplou com a imagem do filho morto
Bandido, bandido, pega bandido
Todos gritavam
Era seu filho
Que corria pelas ruas da av. Paulista
Por roubar a bolsa da senhora que passava.
Foi triste
A senhora ficou nervosa
Enquanto o menino corria
Só uma bala que derrubou o moleque
Pega ladrão, pega ladrão.
O menino caiu e ali ficou
Pegaram a bolsa
Devoveram a senhora
E mais um se foi pelo erro feito.
Em sua casa, enquanto sua mãe chorava
Não tinha água nem comida
Era fome o retrato daquele lar
Esquecido por um sistema
Que só o fez maltratar
O menino morreu
E já se foi mais um.
Do jeito que o moleque morreu
Muitos morrem a cada momento
Na luta pela sobrevivência.
É muito fácil falar quando se tem um prato de comida na mesa
Mas quando a necessidade grita
Você acaba "correndo bicho".

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